A cidade chinesa de Guiyu, próxima de Hong Kong, importa anualmente 1 milhão de toneladas de computadores, impressoras e aparelhos de fax. O destino dos equipamentos não são escritórios, lojas nem centros de pesquisa, mas terrenos baldios. Trata-se de sucata tecnológica, vinda dos Estados Unidos, Japão, Europa e Coréia do Sul, que é desmantelada a golpes de martelo, chave de fenda e alicate. O objetivo é reaproveitar cada grama de metal e cada centímetro de fio. Esse negócio emprega 100.000 pessoas e movimenta 120 milhões de dólares por ano em Guiyu, o mais agitado centro de reciclagem de lixo eletrônico do mundo. O trabalho é perigoso. Além dos estilhaços de metal e vidro, há o risco de contaminação por substâncias tóxicas. Mas para os trabalhadores, na maioria migrantes de áreas rurais, o salário de 1,50 dólar por dia compensa o risco.
Até o início dos anos 90, Guiyu vivia da cultura de arroz. Hoje, a reciclagem tecnológica atingiu tal dimensão que cada zona da cidade se especializou num tipo específico de sucata. Em alguns bairros, trabalha-se apenas com o aproveitamento da tinta remanescente nos cartuchos de impressão. Em outros, as carcaças de PCs são primeiro quebradas em pedacinhos, que depois são separados por cor (um trabalho maçante executado por crianças) e, por fim, derretidos para a reutilização do plástico. Os monitores de vídeo são destruídos a marteladas em busca das partes mais cobiçadas, as conexões de cobre. Os fios são desencapados para o aproveitamento do metal. As placas dos computadores são tratadas com maior cuidado. Processadores e chips em boas condições são reinstalados em micros. Aqueles em pior estado são submetidos a banhos ácidos que retiram o metal usado na montagem. Os chineses recuperam com esse processo alguns gramas de ouro, platina e prata.
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